Monday, November 01, 2010

ELEIÇÕES 2010 : DIA DE LUTO

O dia da eleição da Dilma como presidente do Brasil será, provavelmente, um dia a se lamentar na história do País. Mesmo correndo o risco de queimar a língua, face à improbabilíssima hipótese de que ela venha a fazer um bom governo, arrisco dizer que sua administração será desastrosa. Vejo essa desgraça sob dois ângulos. O primeiro é o da eleição de uma pessoa despreparada, com parca experiência política e com mais do que questionável desempenho nos cargos administrativos que ocupou. Isso para não se falar de sua postura como representante de um socialismo atrasado, fora do tempo e de lugar. O segundo é o fato de ser mulher: é uma pena que a primeira mulher a ocupar este cargo, seja uma mulher sem méritos, sem luz própria, que só chegou lá por ser a "muié do Lula". Chega a ser um desrespeito para com a mulher brasileira.

O PSDB e, particularmente, o José Serra têm uma parcela considerável de responsabilidade nesta desgraça por terem conduzido uma campanha bisonha, recheada de platitudes e sem força para desnudar as fraquezas da oponente. A Dilma é a candidata que qualquer adversário poderia desejar: fraca, inculta, sem discurso, intelecto paupérrimo, carisma zero, antipática e vacilante. Nem assim o Serra foi capaz de empolgar o eleitorado. Faz-nos pensar que, na realidade, o PSDB sofre de um certo constrangimento em combater o PT e a Dilma porque no fundo, mas no fundo mesmo, são farinha do mesmo saco. Faço um pequena concessão: são farinha de sacos adjacentes mas, sem dúvida, da mesma safra.

Agora resta esperar e ver no que vai dar. Para mim, a esperança é a de que isso sirva para unir as oposições para evitar uma possível "venezuelada" no Brasil.

Saturday, July 03, 2010

AINDA A COPA 2010: ALEMANHA 4 x ARGENTINA 0

UMA LIÇÃO PARA O BRASIL

É claro que a goleada imposta à Argentina pela Alemanha deixa os brasileiros mais do que satisfeitos. Depois da desclassificação brasileira, nos seria insuportável ver a Argentina ganhar da Alemanha. E esse troço de solidariedade latinoamericana é impossível de funcionar quando o latinoamericano em questão é a Argentina. A rivalidade é grande demais para dar espaço a algum gesto solidário.

Entretanto, vou tentar manter a cabeça fria e analisar com isenção o que percebi daquele que, para mim, foi o melhor jogo da Copa até o momento. O placar de 4 x 0 sugere que o jogo foi um passeio para a Alemanha. Realmente foi, mas só a partir dos 30 minutos do segundo tempo, quando a Argentina entregou os pontos. Antes disso, a Argentina lutou bravamente e mostrou um futebol vistoso. Mas a Alemanha foi mais brava e mais vistosa!

A Alemanha proporcionou, para quem quis ver, uma tremenda lição para o Brasil. Ela provou ser possível ter uma defesa extraordinariamente eficiente, sem que isso signifique abdicar do jogo ofensivo. Por esta razão é que ela chegou aos 4 x 0. Porque ganhava de um e continuava atacando. A Argentina também chegou a dominar o jogo, mas a eficiência e a insistência alemã a levou ao segundo gol. E a Alemanha não se dava por satisfeita e continuava a atacar e assim chegou aos 4 x 0. Fosse o Brasil, teria se encolhido depois do 1 x 0 e teria sido engolido pela Argentina.

Quem sabe a CBF acorda e e contrata o técnico da Alemanha para dar uma assessorada no bando de técnicos enganadores que abundam no futebol brasileiro.

Friday, July 02, 2010

DERROTA NA COPA DE 2010

A derrota para a Holanda – se o Brasil souber tirar proveito disso, o que eu duvido – foi uma benção! Uma oportunidade dourada para nos livrarmos de uma geração de técnicos obtusos, medíocres e covardes, representados pelos “grandes” Zagalo, Parreira e essa patética figurinha que é o Dunga.

Esses caras montaram times que desonram o futebol brasileiro...são times que jogam para trás, contrariando o espírito irreverente e de futebol ofensivo, que naturalmente se via no nosso futebol e que sempre foi objeto de admiração no mundo inteiro.

Há décadas, assistir aos jogos do Brasil é uma chatice. A gente se empolga e torce para a vitória porque é o Brasil que joga mas no fundo, na nossa intimidade, fica aquela sensação de fragilidade pois a gente percebe que o time busca primariamente se defender e, se der, tenta fazer um golzinho magro e ganhar a partida pois, em última instância, o empate é um bom resultado. Isso é filosofia de perna-de-pau, compreensível somente na cabeça de ex-jogadores pernas-de-pau como foram Zagalo e Dunga. Acho que o Parreira nem isso chegou a ser.

E esse time da Copa de 2010 não foge ao figurino. A convocação dos jogadores já foi uma espécie de desastre anunciado pois ela privilegiou a “tchurma” em detrimento de novos craques que surgiram nos meses que antecederam a Copa. Na cabeça do Dunga, mais valia ser solidário com o grupo do que com o País. E, assim, foram para a Copa “expoentes” do futebol brasileiro como o burocrata Lúcio, o enganador Luís Fabiano, um despreparado como Felipe Melo e outros tantos, quase que desconhecidos no Brasil mas de sucesso duvidoso no exterior, tipo Grafite e outros.

A grande ironia é que o Dunga montou um time defensivo e foi justamente a defesa que selou a nossa sorte em duas jogadas imperdoavelmente bisonhas.

Acho que não podemos crucificar nenhum jogador pois eles não têm culpa de sua própria bisonhice; fizeram o que puderam e não fizeram mais apenas porque são tecnicamente limitados. O lance que antecedeu o segundo gol da Holanda é exemplo típico do que digo. O gol nasceu de um escanteio e a falha da defesa foi permitir que um holandês de meros 1.70m fizesse o gol de cabeça sem sequer se dar ao trabalho de saltar, tão tranquilo que estava na área. Mas a bisonhice a que me referia foi no lance que originou o escanteio: o jogador brasileiro da defesa – nem sei quem foi – levemente pressionado pela presença relativamente distante de um atacante holandês decidiu, por precaução absolutamente desnecessária, jogar a bola pela linha de fundo. Fez isso somente por uma razão: por ser tecnicamente limitado. Um desempenho que cobre de vergonha um Nilton Santos e até outros nem tão competentes. Assim, se alguém tem que ser crucificado é o Dunga, que é o medíocre-mór, e a CBF por colocá-lo na direção da seleção.

Há também uma culpa coletiva, da delegação, da imprensa e até, de certa forma, do público, por externar uma certa arrogância, um ar de superioridade absolutamente sem correspondência com a realidade dentro do campo. Só para exemplificar, na manhã do jogo contra a Holanda, portanto horas antes de nossa eliminação, o site do UOL ostentava a seguinte manchete: “Dunga busca trinca contra “freguesa” Holanda”. Achei meio arrogante chamar a Holanda, que sempre exibiu um futebol de qualidade, de “frequesa” do Brasil e fui conferir o retrospecto (antes do jogo): em 9 partidas 3 vitórias do Brasil, 2 vitórias da Holanda e 4 empates. O Brasil ostentava um magro saldo de 1 gol de vantagem nas 9 partidas (agora reduzido a zero). Onde está a “freguesa”? Só numa cabeça arrogante que entra no “oba-oba”, no “viva o Brasil do ano dois mil” e que se recusa a encarar a triste realidade do nosso futebolzinho mixuruco.

Já soube que o Dunga declarou que sai da seleção. Pena que não tenha sido demitido mas, por outro lado, que saia do jeito que for e que isso seja o primeiro ato de uma renovação geral. De jogadores e de esquema tático.

Seleção Brasileira..... por ora, requiescat in pax! A missa de sétimo dia será dia 09 de julho de 2010 nas catedrais, igrejas e igrejinhas do meu Brasil.

Monday, June 28, 2010

OS JUÍZES ERRAM E A FIFA FINGE QUE NÃO SABE DE NADA

Estamos assistindo a um festival de erros graves dos árbitros nesta Copa da África do Sul e a FIFA mantém-se impávida!

Antes mesmo da Copa, tivemos a classificação da França em detrimento da Irlanda por causa de um gol feito com a ajuda da mão do atacante francês. Já na Copa, os EUA tiveram um gol anulado que teria mudado a sua classificação para a próxima etapa; o Brasil teve um gol feito com a ajuda de dois braços; a Argentina marcou um gol contra o México em escandaloso impedimento e a Inglaterra colocou a bola uns 50cm dentro do gol da Alemanha e o árbitro não validou o gol. Em todos esses casos, o erro da arbitragem mudou a dinâmica do jogo. Se olharmos, por exemplo, a vitória de 4 x 1 da Alemanha sobre a Inglaterra, pode-se ter a impressão de que o gol não confirmado da Inglaterra foi irrelevante no resultado final do jogo mas isso não é verdade pois, na ocasião do incidente, a Alemanha vencia por 2 x 1 e a validação do gol teria empatado a partida, criando uma situação nova que, naquele momento, era favorável à Inglaterra.

Apesar dos erros crassos que acabam modificando o resultado de uma partida e, no caso de uma Copa do Mundo, comprometendo um investimento de vários anos que os países fazem para dela poderem participar, a FIFA continua completamente refratária à qualquer idéia de passar a usar os recursos tecnológicos hoje existentes. Outros esportes se modernizaram e passaram a evitar esses erros. Os erros no futebol são lendários, sempre existiram: o que ocorre é que agora, com a televisão mostrando os lances críticos de tudo quanto é ângulo possível, inclusive em telões dentro dos estádios, os erros tornaram-se algo grotesco, insuportável e imperdoável.

A situação fica especialmente constrangedora quando os próprios jogadores, após as partidas, admitem que o árbitro errou mas, nem assim, os resultados são revertidos. Olhar a foto num jornal mostrando a bola dentro do gol alemão e saber que o gol não foi validado é algo que deveria constranger a FIFA ao ponto de fazê-la adotar um novo sistema de arbitragem.

O tênis criou a possibilidade do jogador fazer um “challenge” nos casos de dúvida e a decisão fica por conta do computador. No basquete e no futebol americano, sempre que há um lance duvidoso, os juízes apelam para a TV e passam o video-tape do lance várias vezes em monitores, para si próprios, e nos telões para o público poder acompanhar a decisão deles. Até o turfe, há décadas usa o “olho eletrônico” (photo-chart) para determinar que cavalo venceu o páreo.

Enfim, está mais do que na hora da FIFA acordar para o problema e se modernizar.

Thursday, June 24, 2010

FUTEBOL FEIO

Assistindo aos jogos da Copa do Mundo 2010 cheguei a algumas conclusões: uma delas é a de que à Europa sobram recursos financeiros e falta talento. Retirados de cena a penca de jogadores “importados” pela Europa e que jogam para os clubes europeus, vindos principalmente da América do Sul e da África, o que sobra é uma coleção de pernas-de-pau, ressalvadas as exceções de praxe. Para exemplificar a minha conclusão, basta ver as eliminações da França e da Itália e o fraco desempenho – pelo menos na fase classificatória – da Alemanha e da Espanha.

Mas esse é um problema europeu pois a segunda conclusão que cheguei diz respeito à seleção brasileira. Ela não só não me entusiasma como chega a ser irritante. É um time burocrático, covarde e cheio de pseudo-craques. O técnico Dunga é a versão do momento de uma geração de técnicos, que eu acho que começou com o Zagalo, que defende o “futebol de resultados”. Essa filosofia é furada e só poderia mesmo ter sido consistentemente perseguida por esse renque de técnicos cabeça-de-bagre, a maioria constituída por ex-jogadores de talento mais do que duvidoso, de cuja lista o Zagalo e o Dunga são dois expoentes.

Embora o futebol seja uma máquina de fazer dinheiro e, como tal tenha que ser administrado como uma empresa, esse enfoque empresarial se aplica aos clubes e às federações estaduais e nacionais, que o organizam. Também aceito que o mercado de jogadores, que envolve transações milionárias, tenha que ser administrado de forma racional e que todo esse conjunto de atividades esteja sujeito à muita politicagem esportiva. Porém, pára por aí: não podemos confundir o futebol com a política. A “Realpolitik” é coisa de outra esfera e, por isso, o “futebol de resultados” é tese furada. Dizer que o que importa é a vitória, seja ela obtida da forma que for, é algo que contraria a própria natureza do futebol.

O futebol é um espetáculo e, como tal, é feito para o público apreciar. Dez de cada dez torcedores dirão que preferem um jogo de muitos gols do que um zero a zero. O gol é o objetivo máximo do esporte e a vitória geralmente sua consequência. Mas, além do gol, o jogo precisa de exibição de talento: dribles, jogadas de efeito e muita ação ofensiva. E não esse jogo extremamente cauteloso, cheio de passes laterais que o Brasil acabou adotando, seguindo uma tendência européia. Isso pode ser válido para a Europa por causa da crônica falta de talentos mas não para o Brasil. Um exemplo bem atual do que digo é o time do Santos, constituido por um bando de moleques desavergonhados que aplica goleadas históricas seguidamente e que encanta não só o público como também a crônica esportiva. E cujos craques foram solenemente ignorados pelo Dunga na hora da convocação.

A aplicação do futebol de resultados no Brasil é uma forma de castração do talento dos nossos jogadores e está mais do que na hora de enterrar essa idéia insensata. Como não existe nada que seja totalmente bom ou totalmente ruim, uma eventual derrota do Brasil nesta Copa talvez sirva como uma oportunidade para se reciclar as idéias e, finalmente, abandonar essa tese bocó.

Thursday, June 17, 2010

UMA AVENTURA DE MOTO

FOUR CORNERS U.S.A. – MAI/JUN 2010

Depois de alguns meses de planejamento cuidadoso, eu e o Nestor Pires de Foz de Iguaçú, PR iniciamos a nossa aventura de fazer os quatro cantos dos E.U.A. dentro das regras da SCMA – Southern California Motorcycling Association que é a associação que comanda a prova.

Essa prova, já tradicional nos E.U.A., estabelece que o motociclista tem que comparecer com a sua moto nos quatro pontos extremos do Estados Unidos em 21 dias no máximo, em qualquer ordem. Os pontos são: Key West na Flórida, Madawaska no Maine (fronteira com o Canadá), San Ysidro na Califórnia (fronteira com o México) e Blaine no estado de Washington (fronteira com o Canadá). Nós decidimos fazer o circuito em “X” para evitar o frio excessivo ao longo da fronteira com o Canadá e o calor excessivo ao longo do Golfo do México. Assim, nossa ordem foi Key West, Madawaska, San Ysidro e Blaine. A decisão mostrou ser acertada pois apesar de uns poucos dias de frio, principalmente nas manhãs, e uns poucos dias de calorão, o clima enfrentado foi ameno.

Fizemos a prova com duas Honda Goldwing: eu com a minha 2009 prata e o Nestor com uma 2010 amarela que ele comprou nos EUA especialmente para fazer o circuito. Foram máquinas fantásticas: confortáveis, excelente torque para a categoria e, acima de tudo, confiáveis. Rodamos cerca de 18.000 km num regime bem exigente e as Goldwing cumpriram com o exigido sem nenhum “porém”. Foram simplesmente perfeitas.

Eu moro na região de Orlando, FL e fiquei esperando o Nestor chegar em Miami, vindo do Brasil. Ele se encontraria inicialmente com o Allamo Moraes que está morando em Miami e, assim, o nosso ponto de encontro seria o escritório do Allamo em Davie, ao norte de Miami.

Logo que tive a confirmação de que o Nestor estava pronto em Miami, parti de Orlando para encontrá-lo em Davie. De lá iríamos até um hotel ao sul de Miami onde passaríamos a noite e aproveitaríamos para acertar os ponteiros para o início da prova na manhã seguinte, dia 20 de maio de 2010. Esse trecho inicial de cerca de 350 km entre a minha casa e o ponto de encontro em Davie, não foi dos mais auspiciosos: logo de cara, ao entrar na Florida Turnpike, a região foi invadida por zilhões de lovebugs que empastelaram completamente o parabrisas da moto e a viseira do capacete. Depois de uns poucos minutos, comecei a sentir uma coceira no couro cabeludo e resolvi parar para ver o que havia de errado. Tirei o capacete e, dentro dele, havia pelo menos uns vinte lovebugs que haviam entrado pelos orificios de ventilação! Logo depois começou a chover e os mosquitos desapareceram mas a chuva foi apertando até se transformar num temporal que obrigou muitos carros a parar no acostamento. O temporal me perseguiu até a chegada em Davie. Encontrei com o Allamo e o Nestor e ainda ficamos enrolando um papo esperando a chuva passar mas, no final, partimos para o nosso hotel, uns 70 km ao sul, debaixo de chuva mesmo.

Dia 20 de maio marcou o início da prova para nós. Fizemos um trajeto tranquilo até Key West e cumprimos o ritual do “primeiro corner”: juntar recibo de compra de combustível na cidade, uma foto do piloto ao lado de sua moto num dos locais designados, um formulário preenchido com algumas informações, a quilometragem da moto no local e tudo isso colocado num envelope e despachado no correio para a SCMA. Essa data de postagem marca o início da contagem do limite de 21 dias para completar a prova. Fizemos tudo sem chuva, embora o céu estivesse cinza-chumbo. E não deu outra: bem na saída do correio desabou outro temporal e tivemos que sair na chuva para não perdermos mais tempo.

A partir desse momento, nosso objetivo era percorrer a “costa” leste dos EUA até chegarmos a Madawaska no Maine, nosso segundo corner. Fizemos isso, basicamente, percorrendo a I-95, que é uma estradona de pista dupla, sem pedágios.

No dia 23/05 chegamos ao fim da I-95. Nesse dia tivemos um pequeno “incidente”: chegamos em Houlton, ME (onde acaba a I-95) já anoitecendo. Deste ponto para Madawaska, nosso 2º corner, teríamos que percorrer mais uns 160 km na US-1 mas estávamos cansados demais e não valeria a pena forçar mais 160 km para chegarmos lá à noite e, assim, decidimos pernoitar em Houlton. Procurando orientação pelo GPS fomos atrás de um hotel que ficava algumas milhas adiante na I-95. E lá fomos nós com um olho no GPS e outro na estrada: de repente a estrada acaba com um edifício bem no meio dela, que nada mais era do que a “imigração” canadense. Paramos imediatamente as motos mas não havia saída: ou atravessaríamos a fronteira ou daríamos uma marcha-à-ré de uns 200 m onde havia uma abertura entre as pistas que permitiria um retorno. Acontece que a tal abertura era parte de um outro edifício, na pista oposta, que era a “imigração” americana. Enquanto dávamos a marcha-à-ré, percebemos pelo retrovisor que os seguranças americanos nos esperavam! E aí começou o problema pois eles alegaram que “técnicamente” havíamos saído dos EUA (sem, entretanto, termos entrado no Canadá!). Levou mais de uma hora de conversa e checkagem de tudo quanto é documento possível e imaginável para provar que nós dois éramos apenas dois “patos” que se perderam na I-95. No final, depois de um teatrinho que nos obrigou a tirar foto e impressões digitais, nos “liberaram” e até indicaram um hotel na cidade....que ficava junto à alça de saída da I-95 onde havíamos passado horas atrás e do qual nem tínhamos percebido a existência!

No dia seguinte, uma perninha de 160 km nos levou ao 2º corner em Madawaska, ME. Fizemos rapidamente a rotina de comprar combustível, tirar foto e despachar tudo no correio para a SCMA. Em seguida tomamos rumo sul, pela mesma US-1, em direção ao 3º corner, na Califórnia.

Este trajeto nos custou 5 dias bem rodados. Saindo de Madawaska, fomos dormir em Springfield, MA e, no dia seguinte, acabamos em Clarion, PA, perto da divisa com Ohio. Nesse dia aconteceu um fato engraçado: tínhamos parado numa “rest area” para descansar por uns minutos, e enquanto estávamos sentados num gramado, um caminhoneiro mexicano veio puxar conversa. Dizia que o negócio dele era levar carros usados em sua carreta, da Pennsylvania para Iowa e que fazia isso quase que ininterruptamente. Perguntei a ele se tinha família e ele disse que a mulher dele morava na PA mas que tinha se divorciado pois não aguentou o estilo de vida dele. E o diálogo foi indo nessa linha:

- E agora? Se a sua mulher se divorciou vc acabou morando na cabine do caminhão, não é?
- Si, es verdad!
- Y como haces? No tienes mujer o tienes una en cada ciudad?
- No! Eso es difícil acá en los Estados Unidos! La prostitución es prohibida y además yo, con esa cara de mexicano,….es imposible!
- Entonces, que haces? Como “te viras”???? (em portunhol….)
- Ah! No tengo ningún problema! Ahora tengo un perrito conmigo que me hace compañía!

Depois dessa, achei melhor não perguntar mais nada e deixar a coisa por conta da imaginação. Mas depois dessa estória, a cada perrito que punha a cabeça prá fora da janela de um caminhão, dávamos boas risadas.

Noi dia seguinte, fomos de Clarion, PA até um pouco adiante de St. Louis no Missouri, driblando a chuva. Depois, tivemos um dia sem incidentes mas enfrentamos um congestionamento-monstro em Oklahoma City, debaixo de um sol abrasador de uns 36ºC (na sombra!) mas para nós, certamente, mais de 40ºC e, dentro do capacete, sei lá mais quanto! Tínhamos a intenção de chegar em Amarillo, TX, mas o tempo perdido no congestionamento fez com que pernoitássemos um pouco antes, em Clinton, OK.

O próximo dia, foi muito pesado: acabamos a travessia de Oklahoma, atravessamos a ponta norte do Texas, todo estado do Novo México e parte do Arizona até Flagstaff, onde pernoitamos depois de percorrer 1.300 km no lombo das motos! Foi o dia mais cansativo de todos. Não enfrentamos chuva, mas um tremendo calorão e um persistente e forte vento de través nas planícies semidesérticas do Novo México e do Arizona. No geral o vento forte era constante, o que exigia uma inclinação de uns 25º da moto para poder mantê-la no rumo mas, às vezes, vinham uma rajadas que exigiam um esforço ainda maior para manter a moto na faixa, fora o susto! Depois de uma noite razoavelmente dormida, partimos bem cedo de Flagstaff rumo a San Ysidro, onde chegamos lá pelas 3 horas da tarde. Cumprimos o ritual de compra de combustível, foto e correio para fins de documentar o nosso 3º corner e já tratamos de tomar a I-5 rumo norte e acabamos parando para pernoitar em Sta. Clarita, depois de livrar o trânsito pesado em torno de Los Angeles. Dia menos pesado do que o anterior mas, mesmo assim, rodamos cerca de 1.100 km!

De Sta. Clarita fomos rumo norte até Ukiah, CA para visitar a irmã do Nestor que mora na cidade. Com isso, tivemos um dia mais “manso” em termos de quilometragem e isso permitiu colocar o sono em dia, dar uma folga para o corpo, lavar roupas e espairecer um pouco. No dia seguinte, continuamos rumo norte até próximo a Seattle, WA, rodando cerca de 1.100km.

Saimos cedo de Seattle para chegar a Blaine, WA, nosso 4º corner lá pelas 11 horas da manhã. Cumprimos o ritual exigido para o corner e imediatamente iniciamos o caminho de volta, parando em Ellensburg, WA para troca de óleo das motos e pernoite.

O dia seguinte foi pesado: saímos bem cedo de Ellensburg e rodamos 14 horas debaixo de chuva, sem trégua. Considerando as condições do tempo, termos rodado 1.150 km foi até uma proeza. Acabamos chegando em Billings, MT no início da noite.

De Billings, nosso próximo objetivo era alcançar Sioux Falls, SD. Nesse dia, ao tomarmos nosso café-da-manhã no hotel, fomos abordados por um cara com “uniforme” de Harley-Davidson: queria ajuda para fazer pegar a moto dele que estava com a partida pifada. Foi a glória para o Nestor poder sentar na Harley do cara e fazê-la pegar “no tranco” depois de ser empurrada pelo harleyro e por mim! Tirei uma foto do Nestor montado na “bichinha” que, certamente, vai ser emoldurada por ele e colocada na galeria de fotos de sua revenda de motos Honda de Foz de Iguaçú!!! Socorrida a Harley, partimos para um dia sem chuva, em que rodamos cerca de 900 km para chegar em Chamberlain, SD perto do objetivo.

No dia seguinte, iniciamos a “descida” em direção ao sul dos EUA. Passamos o dia todo driblando a chuva e sob um calor infernal de 36ºC (à sombra, para quem está nela!). Foi o dia mais quente do tour. Passamos por uma cidade chamada Bunceton, no Missouri. Na minha próxima encarnação, se eu nascer homem, vou querer nascer nesta cidade pois, com esse nome, deve ser interessante! Acabamos o dia em Columbia, MO na antevéspera do final da aventura.

No dia seguinte, também de muito calor, chegamos a Chattanooga, TN onde pernoitamos. Dali, em outro dia muito quente, fizemos aquela que foi a perna final para mim, chegando em Winter Garden, FL. O Nestor ainda teve mais uma manhã de pilotagem para chegar em Miami na hora do almoço.

Foi uma aventura maravilhosa: 18 dias que nos permitiram ter uma visão do quanto é diversificada a paisagem americana. Passamos por grandes centros urbanos como Miami, New York, Los Angeles e por extensas áreas naturais como as regiões semi-desérticas do Arizona e do Novo México, as florestas temperadas do Maine e do estado de Washington e as intermináveis pradarias do Idaho, Montana e Dakota do Sul.

Para quem gosta de estatísticas e pretende planejar fazer algo parecido:

Total de quilometros percorridos: 18.000
Nº de dias: 18
Média diária de quilometragem: 1.000
Velocidade média diária: 78,2 km/h (*)

(*) Este cálculo é útil para fins de planejamento pois ele reflete a realidade do tempo gasto para percorrer determinada distância, incluindo as paradas para reabastecimento, descanso, alimentação, etc. Para obter este resultado de 78.2 km/h tivemos que rodar grandes trechos a cerca de 120 km/h, o que está um pouco acima do limite legal das estradas americanas mais “liberais”.

Em termos de custo:

Despesas com hotéis U$1,500.00
Despesas com combustível 800.00
Despesas com pedágios 70.00
Despesas com revisão da moto 130.00
Despesas com alimentação 500.00
Total U$3,000.00


Para aqueles que pretendem vivenciar essa aventura e queiram maiores detalhes podem me contactar pelo e-mail rafernandes1@uol.com.br ou pelo Skype “robi2121” ou colocar posts neste blog.

Abaixo, algumas fotos do tour.



1º Corner em Key West, Flórida



2º Corner em Madawaska, Maine


3º Corner em San Ysidro, Califórnia


4º Corner em Blaine, estado de Washington


Somewhere in Indiana

Wednesday, April 28, 2010

A Lista das Mais Belas

Hoje o UOL publicou notícia de que a revista People divulgou a sua lista das 10 mulheres mais belas do mundo. Em primeiro lugar colocaram a ex-bela e atual bucho Julia Roberts e em sexto lugar a ex-"friends" Jennifer Aniston que nunca foi bela e que, com o passar do tempo, as chances de vir a ser se reduzem a zero.

A revista vive de explorar o seu mundinho L.A. / N.Y.C. ou então o editor da matéria é egresso do Instituto Padre Chico. Qualquer um que passeie pelas praias do Rio ou do Guarujá, em menos de dez minutos encontra mulheres em condições de destronar as dez da lista.

Essas duas, a Julia e a Jennifer, têm uma eficientíssima assessoria de imprensa mas não conseguem evitar flagrantes dos paparazzi que mostram a verdadeira face de ambas, sem maquiagem, ou seja, em condições de igualdade com a maioria absoluta das mulheres. É um desastre. A Jennifer nem vale comentar porque nunca chegou a ser lá grande coisa mas a Julia, em particular, sempre foi badaladíssima e hoje dá até pena de vê-la em CNTP. Pior do que ela só a Melanie Griffith, essa um verdadeiro monstrengo. Deveríamos lembrar ao editor desta matéria que existe uma tal de Catherine Zeta Jones e que, talvez, ele devesse dar uma olhadinha nela...

Saturday, March 27, 2010

DECÁLOGO (Lênin, 1913)

O “Decálogo” abaixo apresentado, apresenta ações táticas para a tomada do Poder.

Qualquer semelhança com a atual situação brasileira NÃO é mera coincidência.


1. Corrompa a juventude e dê-lhe liberdade sexual;
2. Infiltre e depois controle todos os veículos de comunicação de massa;
3. Divida a população em grupos antagônicos, incitando-os a discussões sobre assuntos sociais;
4. Destrua a confiança do povo em seus líderes;
5. Fale sempre sobre democracia e em Estado de Direito mas, tão logo haja oportunidade, assuma o Poder sem nenhum escrúpulo;
6. Colabore para o esbanjamento do dinheiro público; coloque em descrédito a imagem do País, especialmente no Exterior, e provoque o pânico e o desassossego na população por meio da inflação;
7. Promova greves, mesmo ilegais, nas indústrias vitais do País;
8. Promova distúrbios e contribua para que as autoridades constituídas não as coíbam;
9. Contribua para a derrocada dos valores morais, da honestidade e da crença nas promessas dos governantes; nossos parlamentares infiltrados nos partidos democráticos devem acusar os não-comunistas, obrigando-os, sob pena de expô-los ao ridículo, a votar somente no que for de interesse da causa socialista;
10. Procure catalogar todos aqueles que possuam armas de fogo para que elas sejam confiscadas no momento oportuno, tornando impossível qualquer resistência à causa.


Evidentemente, como o “Decálogo” foi escrito há quase um século atrás, sua aplicação à atual situação do Brasil tem que sofrer as devidas adaptações táticas. Entretanto, mesmo que nem todos os ítens se apliquem rigorosamente ao momento atual, fica muito evidente que sua estrutura geral guarda uma estreita semelhança com o que temos observado na nossa atualidade.

CADA UMA....

Folha de São Paulo (dez, 2004)
“......Roberto Carlos não pretende se apaixonar em 2005”

Como é possível escrever uma barbaridade dessas? Que eu saiba, ninguém “planeja” se apaixonar em determinada época. Isso simplesmente acontece. E muitas vezes, de forma inesperada; outras vezes de forma até inconveniente. Falar desta maneira, ainda por cima, à respeito de um poeta – não dos melhores eu sei, mas ainda assim um poeta - é imperdoável!

Agência EFE (28/12/04)
“...A prefeitura de Jerusalém recusa obras de arte....”

O obscurantismo está mais disseminado do que se supõe. Imagina-se ele restrito às sociedades clericais como a do Afeganistão e, de certa forma, a do Irã, bem como aos rincões mais atrasados do mundo. O que não se podia esperar é que ele se manifestasse numa sociedade moderna e democrática como a que supunhamos existir em Israel. Nem o prestígio do renascentista Michelângelo ou de Rodin, maior escultor do século XIX, foram suficientes para fazer a prefeitura de Jerusalém aceitar as doações de réplicas de David e de O Pensador, respectivamente, sob a alegação de que se tratava de nús e que isso ofenderia as sociedades locais. É nisso que dá quando não se separa direitinho o Estado da Igreja.

Agência Reuters (12/01/05)
“ A senadora licenciada Roseana Sarney (MA) deverá deixar o PFL para assumir um ministério na reforma desenhada pelo presidente Lula”

A notícia é triste. Muito triste, pois mostra de maneira contundente que o fisiologismo político continua à toda no Brasil e que o PT não só não foi capaz de combatê-lo como aderiu desavergonhadamente a ele. Que a família Sarney fosse fisiológica até aí é “normal”; afinal, são profissionais da política, acostumados a fazer qualquer negócio para se manter no “pudê”. Mas a colocação feita pelo presidente, no sentido de que está escolhendo “um” ministério para “dar” à senadora mostra que o critério não é técnico, não é o da competência e sim o da conveniência, do conchavo, da barganha, da distribuição de favores. Pobre Brasil...desse jeito não vai sair tão cedo do buraco.

O CULTO À IGNORÂNCIA

Há certos modismos que causam profundo dano na formação da personalidade de um país. Um deles, especificamente, é o culto à ignorância e à pobreza.

O problema começa com a Igreja fazendo a apologia da pobreza, transformando o pobre em uma espécie de ser puro. As novelas de TV, de grande penetração popular, reforçam o conceito ao caracterizar os personagens “ricos” como vilões capazes de toda sorte de maldades.

A intelectualidade brasileira, majoritariamente de esquerda, faz eco, valorizando tudo que esteja relacionado ao popular o que, em um país terceiro-mundista, significa valorizar o pobre.

A pobreza e a ignorância não necessariamente estão interrelacionadas mas o que se observa é que, salvo as exceções óbvias, onde uma vai a outra a acompanha.

Não quero aqui abraçar uma tese conspiratória mas algo me diz que há interesses escusos que trabalham na perpetuação deste conceito porque lhes convém. O pobre, mas principalmente o ignorante, é presa fácil dos políticos populistas e corruptos, que costumam adotar políticas assistencialistas que não resolvem o problema.

São exemplos os inúmeros programas assistenciais promovidos pelo governo há décadas sem nenhum resultado prático no sentido de por fim à pobreza ou à ignorância. Outro exemplo é a situação do ensino. Hoje podemos dizer que todas as crianças têm acesso aos bancos escolares mas a qualidade de ensino caiu de tal maneira que temos um enorme contingente de alfabetizados...ignorantes.

E esse modismo nos levou ao erro fundamental: eleger um ignorante para a presidência da república, com a justificativa que diploma não é garantia de nada e que justamente por ter origem humilde Lula compreenderia as necessidades do povo melhor do que ninguém.

E deu no que está dando...

O BRASIL PRECISA REDUZIR A IDADE PENAL

Os brasileiros já se cansaram de ver os menores praticando impunemente toda a sorte de estripulias criminosas: pesquisa recente revelou que cerca de 90% da população estaria pronta para defender uma redução da idade penal dos menores, seguindo outras nações importantes como a maioria dos países europeus e também os EUA. A redução da idade penal é mera questão de bom senso.

O Brasil tem inúmeras leis que, por terem sido instituídas demagogicamente ou sem o devido cuidado, muitas vezes acabam provocando um efeito contrário ao desejado. Outras leis, vão se desatualizando com o passar dos anos e requerem uma revisão de tempos em tempos. Exemplo disso eram as leis que regulavam o casamento e a infidelidade conjugal que colocavam a mulher em uma situação de subordinação ao marido, a qual hoje não é mais aceita e, portanto, perdeu sua validação. As leis que regulam a menoridade se encaixam perfeitamente neste caso de desatualização.

Grupos de defesa dos direitos humanos e outros na mesma linha de ação defendem a idéia de que o menor infrator é vítima: vítima da sociedade ou de uma família desestruturada, mas sempre vítima. Ora, isso nos parece uma simplificação cômoda, que não resolve o problema que o resto da sociedade tem ao enfrentar a convivência com aos menores infratores. Estes fatores estarão sempre presentes, até mesmo em países como a Suécia; portanto, não podem ser usados como escudo protetor para a criminalidade infanto-juvenil. Temos é que combater estes fatores incessantemente mas, ao mesmo tempo, é necessária a instituição de mecanismos mais poderosos de combate à criminalidade. Quem imagina que um garoto com 14 anos não tem noção de que ao assaltar à mão armada um motorista em uma esquina não está fazendo nada de errado é muito ingênuo ou está mal intencionado!

E há um aspecto que não se pode esquecer: a manutenção da maioridade criminal a partir dos 18 anos é daquelas situações que aparentemente defendem o menor mas, na realidade, provocam efeito contrário. As gangs organizadas contratam menores para participar dos crimes, cabendo à estes a “parte suja” da operação. São sempre eles que portam as armas e que acabam matando e ferindo as vítimas pois se a operação der errado, eles assumem a autoria do crime, sabendo que, por serem “de menor”, a impunidade estará relativamente garantida. Relativamente, porque mesmo na hipótese de serem recolhidos à uma instituição para detenção de menores infratores, sabem que para sair dela será muito simples, como os jornais não cansam de noticiar quase que diariamente.

UM FATO PARA SE REFLETIR

Em outubro de 2004 Duda Mendonça, responsável pela campanha publicitária do então candidato Lula à presidência, foi preso em flagrante em um “clube” de rinhas de galo no RJ, do qual declarou ser “sócio”. À imprensa ele afirmou não ter vergonha de nada, disse se tratar de um hobby antigo e que não estava fazendo nada de errado. Finalizou dizendo que “o Brasil todo sabe que eu gosto de rinha de galo e sabe que esse é o meu hobby”.

Esse episódio merece uma reflexão pois serve para explicar um pouco dos porquês da situação de falência moral em que se encontra o Brasil. Uma das poucas heranças positivas deixadas pelo ex-presidente Jânio Quadros, o breve, foi a de ter conseguido incluir a rinha de galo como contravenção penal. Desde então, dos anos ’60 até o momento, esta é uma lei que insiste em “não pegar” pois o tal “hobby” está mais vivo do que nunca. Sabemos que a boçalidade humana não tem limites e o fato do Sr. Duda ser um profissional de sucesso, não o livra de também ser um completo boçal como o episódio mostrou.

Acredito que qualquer pessoa medianamente sensível e que tenha noções básicas de respeito aos animais e à natureza em geral, aceite que o tal “hobby”, como o classifica Duda Mendonça, é de uma crueldade absurda. Nem precisamos perder mais tempo com isso. Ainda assim, restaria discutir se a lei é certa ou errada, mas o foro para tal discussão é o poder legislativo e não a prática do ato infracional pelo cidadão. Não é o que pensa o Sr. Duda. Vindo dele, particularmente como formador de formadores de opinião, o episódio torna-se ainda mais grave. Suas declarações, feitas em um tom misto de naturalidade e indignação, mostram o quanto certas pessoas se acham acima da lei no Brasil. Se não, vejamos: disse ele tratar-se de um “hobby antigo” (ou seja, confessa que transgride a lei há muito tempo), acha que “não está fazendo nada de errado” (portanto, ignora solenemente a lei ou se acha acima dela), “não tem vergonha de nada” (logo, ter sido preso em flagrante delito não lhe causa constrangimento algum) e, finalmente, “o Brasil todo sabe que eu gosto de rinha de galo” (procura envolver a nação toda como seu cúmplice passivo). É, sem dúvida, um descarado, mas sabe muito bem onde pisa.

Por conta do horário em que ocorreu o episódio, o Sr. Duda acabou passando a noite no xadrez. Entretanto, em menos de 24 horas, graças às suas conexões que vão ao mais alto escalão possível, livrou-se da situação incômoda. Mas o episódio não parou por aí. Passado um mês, quando o assunto já havia esfriado o suficiente, veio uma ordem superior destituindo de suas funções o delegado responsável pelo flagrante e transferindo-o para uma outra função mais subalterna.

E é assim que se destrói a estrutura moral de uma nação. É isso que estamos fazendo com incrível diligência ao longo dos séculos de nossa história e os resultados aí estão para quem quiser ver.

LER JORNAIS SEMPRE É BOM

Ler jornais sempre é bom. Mantém-nos informados, instrui e ensina. Recentemente, lí uma notícia sobre a aposentadoria conseguida por um anistiado político brasileiro: um ex-piloto e sindicalista, é claro! Altamente instrutiva, embora não pareça.

Eu já vinha desconfiando faz muito tempo que dei um rumo errado à minha vida, pensando em termos financeiros. Tivesse sido eu um militante de esquerda, mesmo dos mais inexpressivos ou tivesse eu ingressado no funcionalismo público, sendo medianamente esperto e minimamente competente, estaria hoje aposentado com uma belíssima pensão e não com a perspectiva de receber míseros R$2.000,00 após ter contribuído pesadamente à previdência social, particularmente nos últimos quase dez anos, sempre pagando pelo máximo possível. Os exemplos existem às carradas: tenho vários amigos que se dedicaram à carreira pública, hoje procuradores, juízes, desembargadores, todos com pensões mirabolantes. Há o caso de uma senhora, com 2 irmãs, todas legalmente “solteiras” e órfãs de pai militar. A pensão do pai falecido transferiu-se integralmente às filhas “solteiras” e, à medida que estas iam falecendo, a mesma pensão integral passava a se dividir entre as sobreviventes. Uma festa! Coisa de país rico, evidentemente, como é o nosso caso! O militar em questão trabalhou durante uns 30 anos e a pensão dele, transferida às filhas, se arrasta ao longo de mais de 60 anos! Como é que pode?

Há alguns anos atrás houve um caso ridículo: uma fulana em Minas Gerais fazendo lá suas pesquisas, conseguiu provar que era tatatataraneta do Tiradentes. O presidente FHC, à vista deste fato “extraordinário”, rapidamente determinou que lhe fosse concedida uma pensão de um salário mínimo. Até cheguei a pensar em tentar provar que se eu fosse um tatatatatataraneto do Caramuru, por exemplo, também pudesse beliscar algum! Infelizmente, não sou do ramo. Mas a coisa não pára por aí: lembramo-nos do caso do Lalau, o larápio do TRT do qual, ao longo do processo criminal que sofreu, acabou-se descobrindo que também recebia uma pensão milionária como aposentado do sistema público; há o caso do ex-governador de São Paulo, Franco Montoro, que recebia seis ou sete pensões diferentes; o do nosso próprio presidente Lula que também descolou a sua, assim como seu fiel escudeiro José Dirceu, e por aí vai.

No caso deste ex-piloto e sindicalista citado na reportagem, até posso admitir que, tendo sofrido a tal perseguição, recebesse uma indenização pelo prejuízo sofrido. E mesmo assim, uma indenização modesta e nada mais pois, como ele próprio admite, teve que mudar de profissão, ou seja, continuou trabalhando, talvez com salário inferior. A indenização deveria cobrir esta perda de status salarial pelo tempo devido. Em nome do que este fulano recebeu uma indenização de R$2,54 milhões? E qual seria o malabarismo que o fez receber uma pensão de R$6,6 mil com direito a repique de outra, que se soma à primeira, no valor de R$12,3 mil? Resumo da ópera: por vias de uma mágica – provavelmente tudo com o devido “amparo legal” – um ex-piloto e sindicalista de expressão reduzida, ao fim e ao cabo, transformou-se em um abonadíssimo aposentado. Que proeza!

Não há sistema previdenciário que resista à um festival destas proporções. Em qualquer estrutura financeira, da padaria da esquina ao INSS, não importa que tamanho tenha, a bitola do cano de entrada de recursos tem que ser maior ou igual à bitola do cano de saída. Isso é básico e primário. Não é necessário estudar-se Economia ou Administração de Empresas para se aprender isso. É noção intuitiva. Mas no Brasil, verdadeira casa da Mãe Joana, ignora-se solenemente este princípio básico e o resultado é um Estado permanentemente quebrado. Se o Brasil fosse uma empresa privada, já teria falido, com portas lacradas e tudo! E com os “patrões” devidamente encarcerados.

INFORMAÇÃO E DESINFORMAÇÃO

Recentemente a imprensa brasileira revelou dados de uma pesquisa realizada em conjunto pelo IBGE e o Ministério da Saúde, segundo a qual o problema da obesidade já é mais grave no Brasil do que o da desnutrição. O número de indivíduos obesos é mais do que o dobro do que o de desnutridos.

A conclusão deste estudo deve ter deixado arrasados os manipuladores da opinião pública. Afinal, a imagem do Brasil “Biafra” nos é vendida cotidianamente, ao ponto de nem mais raciocinarmos objetivamente: aceitamos que o País é pobre e que a fome é generalizada. E não é bem assim.

Esse tipo de conclusão aparentemente desconcertante nos remete para um problema mais geral que é o da manipulação de dados estatísticos e a simplificação exagerada de certas idéias, tudo com o intuito de manipular a opinião pública.

A manipulação de dados estatísticos é o domínio preferencial dos “chutadores” . Eles adoram citar números impossíveis de serem verificados no contexto de uma entrevista ou de uma conversa. Por exemplo, posso afirmar, com cara de anjo, que 78,3% dos estudantes chegam às universidades sem terem certeza de qual carreira querem seguir. Como contestar esta afirmação? É um “chute” que provavelmente seria aceito sem maiores considerações. Entidades ligadas aos direitos humanos adoram dizer que a prostituição infantil no Brasil atinge um universo de 850.000 meninas. Faça-me o favor!!!!! O tema da reforma agrária – neste aspecto – é uma verdadeira piada pois se compararmos os números do MST e os do governo, não dá para saber qual das partes vai levar o troféu Pinocchio. E a opinião pública fica sem saber o que pensar.

A simplificação exagerada é outro problema. Com este recurso, o manipulador pretende sintetizar uma idéia e a simplifica de uma forma absurda, geralmente provocando na opinião pública uma deformação conceitual. Generalizações do tipo “O Bush é retrógrado”, “O Lula é ignorante” , “A política imperialista dos Estados Unidos....”, “O juíz é ladrão” e coisas do gênero só servem para “colar” rótulos nem sempre verdadeiros, incutindo um falso conceito na opinião pública. Vejamos, por exemplo, o caso do Lula. É óbvio que ele tem escolaridade mínima, comete erros imperdoáveis no seu linguajar e sua cultura geral é limitada mas daí rotulá-lo como “ignorante” vai uma distância muito grande. Ninguém chega à presidência, numa disputa acirradíssima, sendo um “ignorante”. E, ademais, o que é exatamente “ser ignorante”? As recentes eleições americanas nos deram outro exemplo. Segundo uma corrente de analistas políticos, uma das maiores razões da vitória do Bush foi o fato da campanha republicana ter conseguido “colar” no Kerry a imagem de político vacilante, indeciso. A opinião pública comprou a idéia e puniu o “indeciso” nas urnas.

Esses problemas servem para mostrar como é importante numa sociedade a livre manifestação das idéias e a existência de uma imprensa livre onde seja possível comparar opiniões conflitantes pois a multiplicidade de opiniões diminui o espaço dos manipuladores. Entretanto, isso por si só não basta. É preciso educar o público no sentido de ter uma postura mais crítica, deixando de aceitar um dado ou uma informação apenas pelo fato de estar impressa em um jornal ou revista ou de ter sido divulgada por uma figura ou entidade tida como respeitável.

ACIDENTE DA TAM - 2007

17/07/07. Uma data terrível para centenas de pessoas: para as vítimas do acidente, para seus familiares e amigos, e para todos os que direta ou indiretamente estiveram envolvidos nesta tragédia.

O fato: um Airbus 320 da TAM ao pousar no Aeroporto de Congonhas em São Paulo, no finzinho de uma tarde de garoa, derrapou na pista, atravessou uma avenida e se chocou contra um prédio da própria companhia aérea e um posto de gasolina. Estou escrevendo este texto na manhã do dia seguinte, quando ainda não se tem uma noção exata do número de vítimas – superior a 200, pelas estimativas – nem das causas do acidente.

Mas, pelo que tem vazado pela imprensa, as causas podem ser múltiplas e uma análise destas possibilidades serve para mostrar como são as coisas no nosso Brasil. O acidente, longe de se constituir efetivamente em um “acidente”, na realidade parece ser o resultado de uma soma de erros e imprevidências.

O Aeroporto de Congonhas foi construído em São Paulo em torno de 1930. Naquela época, a aviação comercial ainda era incipiente e, portanto, a extensão da pista era relativamente curta. Adequada para a época, mas curta para hoje em dia. O local era descampado e isolado. Hoje é área densamente habitada. Essa situação, de um grande aeroporto estar em zona urbana, não é incomum. Em Berlim temos Tempelhof, em Paris Le Bourget e não pára por aí. Mas a existência de outros aeroportos em situação semelhante não chega a justificar a existência deles. Ninguém está livre de acidentes e quando eles acontecem em área densamente habitada, o potencial de estrago é imenso.

A pista de Congonhas estava deteriorada e precisava de uma reforma. Difícil de fazer sem parar o principal aeroporto brasileiro. Mas a reforma foi feita; porém, como soe acontecer no Brasil, liberou-se o uso das pistas antes que o serviço estivesse concluído. Faltava o acabamento da pista, que são as ranhuras que facilitam o escoamento da água nos dias de chuva. Sem este recurso, a pista fica escorregadia e o risco de aquaplanagem é enorme. Foi o que aconteceu.

A TAM havia sofrido um acidente em 1996, no mesmo aeroporto, quando um Fokker com 99 pessoas a bordo teve uma pane nos primeiros segundos após a decolagem: o reverso das turbinas começou a se acionar intermitentemente, provocando a queda do avião sobre várias casas. Nenhum sobrevivente e várias vítimas urbanas. A TAM, traumatizada pelo acidente, determinou que fossem colocados pinos de travamento nos reversos de suas aeronaves de modo que nunca mais fossem acionados. O Airbus de ontem estava “pinado”.

Segundo informações preliminares, parece que o piloto do Airbus perdeu o ponto de toque na pista, o que é uma coisa extremamente crítica numa pista considerada curta. Como conseqüência, o piloto precisava de um alto poder de frenagem: não podendo contar com o reverso que estava “pinado” apelou para os freios das rodas. Aquaplanou e percebeu que não conseguiria parar antes do fim da pista.

Nos segundos que teve para decidir o que fazer, decidiu errado. Se tivesse optado por continuar aquaplanando, teria chegado ao fim da pista, descido o talude de cerca de 30º de declive, teria atravessado as pistas da avenida e, possivelmente, pararia por aí. Muito provavelmente o número de vítimas seria bem reduzido. Mas ele tomou a decisão de arremeter e aí enfrentou o pior dos mundos pois estava com velocidade alta demais para parar na pista e baixa demais para decolar.

Ao tentar, desesperadamente, a decolagem, acabou batendo a cauda do avião na pista, desgovernou-se, passou por cima das pistas da avenida e foi se chocar contra um prédio e um posto de gasolina. Felizmente o combustível do posto de gasolina não se incendiou pois se isso tivesse acontecido a tragédia seria bem pior.

Vê-se, por essas informações preliminares que vão sendo divulgadas, que o acidente pode ter começado com uma falha humana mas outros fatores concorreram – e muito – para a extensão da tragédia. E uma análise da ocorrência oferece uma oportunidade para se aprender a lição e corrigir os fatores passíveis de correção. A falha humana, por melhor que seja a formação da tripulação, será sempre um fator inevitável.

Na minha opinião, o Aeroporto de Congonhas deveria ter outro destino: o de se tornar um aeroporto executivo, para aviões de pequeno porte, jatos executivos e helicópteros, com horário de funcionamento limitado. Melhor ainda se fosse completamente desativado e a área transformada em mais um parque da cidade.

Mas, para desativar o aeroporto, precisaria haver uma alternativa válida, seja através de uma ampliação de Guarulhos ou de uma reforma completa em Viracopos. Em qualquer das hipóteses, precisaria haver uma ligação rápida da cidade de São Paulo com estes terminais aéreos.

O único problema é que, no Brasil, este tipo de planejamento abrangente simplesmente não existe. Pensar que poderíamos ter um “Charles de Gaulle” em Viracopos, ligado a São Paulo por uma linha de trem-bala com estação urbana na Av. Marginal é querer demais. Demais para a cabecinha de nossos dirigentes. Pobre Brasil!